@projeto_margens
ALTAMIRA 2042
Uma idealização de Gabriela Carneiro da Cunha
Espetáculo teatral | BRASIL | 2020 | APROX. 90 min
Altamira 2042 é uma instauração performativa criada a partir do testemunho do rio Xingu sobre a barragem de Belo Monte. Aqui todos falam através de um mesmo dispositivo techno-xamânico: caixas de som e pen drives. Cada caixa de som porta uma voz, humana e não-humana, escutada nas margens do rio Xingu. Uma polifonia de seres, línguas, sonoridades e perspectivas tomam o espaço para abrir a escuta do público para vozes que tantos tentam silenciar.
É a partir desses sons, cantos e também imagens que a performer Gabriela Carneiro da Cunha articula, junto com o público, os diferentes momentos do trabalho: a abertura Rio y Rua, seguida por Dona Herondina, Seu Quebra Barragem e Aliendígena, onde a performer veste e apresenta as diferentes perspectivas desses três seres maquínicos-espirituais que protegem as águas e as matas e que tomam a palavra para mitologizar a História.
Assim a Barragem de Belo Monte vai deixando de ser simplesmente uma obra para se tornar o mito do inimigo.
Altamira 2042 is a performative installation created from the testimony of the Xingu River about the Belo Monte dam. A polyphony of beings, languages, sounds and noises take over the space to open up the audience’s attention to voices that so many try to silence.
Led Speakers and Flash drives become techno-shamanic devices carring and amplifying both human and non-human voices, heard on the Xingu banks: riverside people, the Araweté indigenous people, the Juruna indigenous people, the city’s attorney, Altamira’s journalists, ambientalists, rappers, artists, city sounds, and also the Forest, the animals, the rain and the Xingu River itself.
The performer Gabriela Carneiro da Cunha orchestrates, together with the audience, the different movements of the work: starting with River y Road, followed by Ms Herondina, Mr Dam Breaker and Aliendigenous. The performer incorporates and presents the perspectives of these three machinic-spiritual beings who take the stage in order to mythologize History. Thus, the Belo Monte Dam is no longer simply a construction, but the myth of the enemy.
FICHA TÉCNICA
[CREDITS]
TRAMATURGIA
[TEXT]
DIREÇÃO E CRIAÇÃO | DIRECTION AND CREATION
Gabriela Carneiro da Cunha e Rio Xingu
ORIENTAÇÃO DE DIREÇÃO | DIRECTION ORIENTATION
Cibele Forjaz
DIRETOR ASSISTENTE | ASSISTANT DIRECTOR
João Marcelo Iglesias
ASSISTENTE DE DIREÇÃO | ASSISTANT OF DIRECTION
Clara Mor e Jimmy Wong
ORIENTAÇÃO DA PESQUISA E INTERLOCUÇÃO ARTÍSTICA | RESEARCH ORIENTATION AND ARTISTIC INTERLOCUTION
Dinah de Oliveira e Sonia Sobral
“TRAMATURGIA”
Raimunda Gomes Da Silva, João Pereira da Silva, Povos Indígenas Araweté E Juruna, Bel Juruna, Eliane Brum, Antonia Mello, Mc Rodrigo – Poeta Marginal, Mc Fernando, Thaís Santi, Thaís Mantovanelli, Marcelo Salazar E Lariza
TECNOLOGIA / PROGRAMAÇÃO / AUTOMAÇÃO | TECHNOLOGY / PROGRAMMING / AUTOMATION
Bruno Carneiro e Computadores Fazem Arte.
CRIAÇÃO MULTIMÍDIA | MULTIMIDIA CREATION
Bruno Carneiro e Rafael Frazão.
IMAGENS | IMAGES
Eryk Rocha, Gabriela Carneiro da Cunha, João Marcelo Iglesias, Clara Mor e Cibele Forjaz
MONTAGEM DE VÍDEO | VIDEO EDITING
João Marcelo Iglesias, Rafael Frazão e Gabriela Carneiro da Cunha
MONTAGEM TEXTUAL | TEXT EDITING
Gabriela Carneiro da Cunha e João Marcelo Iglesias
DESENHO SONORO | SOUND DESIGN
Felipe Storino e Bruno Carneiro
FIGURINOS | COSTUME DESING
Carla Ferraz
ILUMINAÇÃO | LIGHT DESIGN
Cibele Forjaz
CONCEPÇÃO INSTALATIVA | INSTALATION CONCEPTION
Carla Ferraz e Gabriela Carneiro da Cunha
REALIZAÇÃO INSTALATIVA | INSTALATION
Carla Ferraz, Cabeção e Ciro Schou
DESIGN GRÁFICO | GRAPHIC DESIGN
Rodrigo Barja
TRABALHO CORPORAL | CORPORAL WORK
Paulo Mantuano e Mafalda Pequenino
PESQUISADORES
Gabriela Carneiro da Cunha, João Marcelo Iglesias, Cibele Forjaz, Clara Mor, Dinah De Oliveira, Eliane Brum, Sonia Sobral, Mafalda Pequenino e Eryk Rocha
DIRETORA DE PRODUÇÃO
Gabriela Gonçalves
COPRODUÇÃO | COPRODUCTION
Mitsp – Festival Internacional de Teatro de São Paulo e Festival FarOFFa
PRODUÇÃO | PRODUCTION
Corpo Rastreado e Aruac Filmes
DISTRIBUIÇÃO INTERNACIONAL | INTERNATIONAL DISTRIBUTION
Judith Martin / Ligne Direct
COPRODUÇÃO| COPRODUCTION
Cultura em Expansão/CMP
RIO Y RUA
Altamira 2042 abre, então, sua experiência territorializando o espaço com a instauração sonora “Rio E Rua” onde cada caixa de som porta uma voz não humana das margens do Xingu: O rio, a mata, sapo, pássaros, mas também a motosserra, a obra, os carros de som de propaganda, os motores de carro.
DONA HERONDINA
Dona Herondina é narradorx encantadx das mulheres crocodilo. Sua forma é de uma mulher – sonora. Seu corpo é formado por duas cabeças de caixas de som. Sua perspectiva é feminina e espiritual. Sua voz é a de Raimunda Gomes da Silva, ribeirinha do Xingu, que teve sua casa da ilha da Barriguda queimada e depois inundada pela barragem de Belo Monte.
SEU QUEBRA BARRAGEM
Seu Quebra Barragem é narradorx encantadx dos rios testemunha. Sua forma é de uma Cobra Grande Audiovisual. Seu corpo é formado por uma cabeça de projetor, caixas de som e fitas de Led. Sua perspectiva é mitológica. Sua voz é múltipla, através dele falam os ribeirinhos expulsos das ilhas onde moravam, o povo indígena Araweté, o povo indígena Juruna, a procuradora de Altamira Thais Santi, a jornalista Eliane Brum, o coordenador do ISA de Altamira Marcelo Salazar, a líder do Movimento Xingu Vivo Antonia Melo, os rappers Mc Poeta Marginal e Mc Fernando, a cidade de Altamira, a Mata, os animais, a chuva e o próprio rio Xingu.
ALIENDÍGENA
Aliendígena é narradxr encantadx dos povos vagalumes. Seu corpo é todo formado por instrumentos xamânicos. Sua tecnologia é ancestral: chocalhos, tambores. “O chocalho do Pajé é um acelerador de partículas”. Aqui o corpo do Aliendígena é o acelerador de partículas que, se tocado coletivamente, abrirá a barragem em 2042. Ao final da performance este corpo é desmembrado e devorado pelo público presente.
RIVER AND ROAD
Altamira 2042 opens its experien- ce territorializing the space with the sound installation “River and Road” where each speaker carries a non-human voice from the banks of the Xingu: The river, the forest, the frogs and birds, but also the chainsaw, the construction work, trucks and car engines.
MS. HERONDINA
Ms Herondina is the enchanted narrator that represents the buiúnas women. Its form is that of a sonorous woman. Its body is made up of two led speakers heads. Its perspective is feminine and spiritual. It carries the voice of Raimunda Gomes da Silva, a Xingu riverside dweller whose home was burned down and flooded by the Belo Monte dam.
MR. DAM BREAKER
Mr Dam Breaker is the enchanted narrator that represents the witness-rivers. Its form is that of a Big Audiovisual Snake. Its body consists of a projector-head, speakers and LED tape. Its perspective is mythological. Its voice is multiple, and through it human and non-humans affected by Belo Monte Dam can be heard.
ALIENDIGENOUS
Aliendigenous is the enchanted narrator that represents the firefly people. Its body is made of shamanic instruments of ancestral technology: rattles, drums. “The shaman’s rattle is a particle accelerator.” Here, Aliendigenous’ body is the particle accelerator which, if played collectively, will open the dam in 2042. At the end of the performance, this body is dismembered and devoured by the audience