PROJETO MARGENS:
SOBRE RIOS, BUIÚNAS E VAGALUMES.
PT
Projeto Margens - Sobre Rios, Buiúnas e Vagalumes é um projeto de pesquisa em arte que se dedica, desde 2013, a ouvir e amplificar o testemunho de rios brasileiros que vivem uma experiência de catástrofe, desde a perspectiva do próprio rio. Esta pesquisa foi concebida como uma resposta ao conceito de “Antropoceno”, entendido como “o momento em que os homens deixam de temer a catástrofe para tornar-se a própria catástrofe.”
A pesquisa é uma tentativa de dar aos humanos a capacidade de ouvir outras vozes, aqui, os Rios-Testemunha, as Mulheres-Buiuna e os Povos-Vagalume. Os rios-testemunha são aqueles que vivem uma experiência que pode ser chamada de catastrófica, do ponto de vista dos rios e dos muitos outros que deles dependem, humanos e não humanos. Buiúnas-Mulheres somos nós e elas. Mulheres artistas das margens e mulheres das margens dos rios. Líderes femininas que já trazem em seu imaginário político-poético a mistura de outros espaços-tempos. Povos Vagalume, para Didi-hubermann (2011), são todos aqueles expostos ao desaparecimento, humanos e não humanos. Aqueles que temos que deslocar para encontrar.
A primeira etapa foi realizada em 2015, após ouvir o depoimento do Rio Araguaia sobre as mulheres que lutaram na Guerrilha do Araguaia. Neste palco foram criados: A peça de teatro Guerrilhas Ou Na Terra Não Há Pessoas Desaparecidas (encenada desde 2015), o filme Edna (lançado em 2021) e diversos workshops e debates.
A segunda etapa desta pesquisa deu origem ao espetáculo Altamira 2042, criado a partir da escuta do depoimento do rio Xingu sobre a catástrofe causada pela hidrelétrica de Belo Monte. A performance estreou em 2019 no Festival Internacional de Teatro de São Paulo - MITsp, e vem se apresentando em diversas cidades do Brasil e do mundo, incluindo a cidade de Altamira, no Pará, Rio de Janeiro, Paris, Viena, Hamburgo, Porto, Lisboa, entre outros. A pesquisa também gerou artigos em revistas e livros, oficinas, uma rede entre mulheres, rios e arte - a Rede Buiúnas.
Na terceira etapa, aqui apresentada, trabalharemos com o Rio Tapajós. A escolha de ir para este território veio do chamado urgente de um rio que está morrendo sufocado em mercúrio das atividades de mineração ilegal em suas margens.
A pesquisa também gerou artigos em revistas e livros, oficinas, uma rede entre mulheres, rios e arte - a Rede Buiúnas e, mais recentemente, a exposição Parimentos aqui apresentada.
RIVERBANKS PROJECT: ABOUT RIVERS, BUIUNAS AND FIREFLIES
ENG
Riverbanks Project On Rivers, Buiúnas and Fireflies is an art research project that has been dedicated, since 2013, to listening and amplifying the witness statement and testimony of Brazilian rivers experiencing a catastrophe. This research was conceived as a response to the “Anthropocene” concept, defined by journalist Eliane Brum as “the moment when men stop fearing the catastrophe to become the catastrophe themselves.”
The research is an attempt to give humans the capacity of listening to other voices, here, the Witness-Rivers, the Buiuna-Women and the Firefly-Peoples.
Witness-Rivers are those who live an experience that can be called catastrophic, from the perspective of the rivers and the many others that depend on them, humans and non humans. Buiúnas-Women are us and them. Women artists of the margins and women from the riverbanks. Female leaders who already bring in their political-poetic imagination the mixture of other space-times.
Firefly-Peoples, for Didi-hubermann (2011), are all those exposed to disappearance, humans and non-humans. Those we have to dislocate to find.
The first stage was carried out in 2015, after listening to the testimony of the Araguaia River about the women who fought in the Araguaia Guerrilla. In this stage were created: The theater play Guerrillas Or To Earth There Are No Missing Persons (staged since 2015), the film Edna (released in 2021) and several workshops and debates.
The second stage of this research gave rise to the performance Altamira 2042, created from listening to the testimony of the Xingu River about the catastrophe caused by Belo Monte ́s hydroelectric plant. The performance debuted in 2019 at the São Paulo International Theater Festival - MITsp, and has been performing in several cities in Brazil and worldwide, including the city of Altamira, in Pará, Rio de Janeiro, Paris, Vienna, Hamburgo, Porto, Lisbon, among others. The research also generated articles in magazines and books, workshops, a network between women, rivers and art - the Buiúnas Network.
In the third stage, presented here, we will work with the Tapajos River. The choice to go to this territory came from the urgent call of a river who is dying suffocated in mercury from the illegal mining activities on its banks.
The research also generated articles in magazines and books, workshops, a network between women, rivers and art - the Buiúnas Network and, more recently, the exhibition Parimentos here presented.